Morte de aliados de Assad mostra necessidade de ação da ONU--Ocidente
BEIRUTE, 18 Jul (Reuters) - O ataque suicida que matou membros do círculo íntimo do presidente Bashar al-Assad, num momento em que os combates tomaram nesta quarta-feira a capital síria, Damasco, aumenta a urgência por ações mais firmes da ONU, disseram líderes ocidentais. A posição, no entanto, é rejeitada pela Rússia, que tem poder de veto no Conselho de Segurança.
A explosão que matou o ministro da Defesa sírio e seu vice, um cunhado de Assad, deve abalar o moral e pode acelerar as deserções de membros do alto escalão do governo, mas não significa uma queda iminente do presidente, de acordo com analistas.
O chanceler britânico, William Hague, condenou o ataque suicida e disse que o acontecimento "confirma a necessidade urgente de uma resolução do Capítulo 7 do Conselho de Segurança da ONU na Síria".
O Conselho de Segurança da ONU deve votar ainda nesta quarta-feira uma resolução, proposta pela Grã-Bretanha, os EUA, a França e Alemanha, para estender a missão de observação da ONU na Síria por 45 dias e colocar o plano de paz do enviado internacional Kofi Annan sob o Capítulo 7 da Carta da ONU.
O Capítulo 7 permite ao conselho, formado por 15 países, autorizar ações desde sanções diplomáticas e econômicas a intervenção militar. Autoridades dos EUA dizem que estão negociando sanções para a Síria, mas não uma intervenção militar.
"A situação na Síria está claramente se deteriorando. Todos os membros do Conselho de Segurança da ONU têm a responsabilidade de colocar seu peso pelo aplicação do plano do enviado especial Kofi Annan para acabar com a violência", disse Hague.
A chanceler (primeira-ministra) alemã, Angela Merkel, disse que a explosão "nos mostra que este é o momento para ratificarmos a próxima resolução da ONU".
O ministro das Relações Exteriores da França, Laurent Fabius, disse que o governo francês vai pressionar pela resolução.
"Diante deste grau de violência, significa que é necessário e urgente buscar uma transição política que permita ao povo sírio ter um governo que expresse suas aspirações."
Mas, com quatro dias seguidos de confrontos em Damasco --alguns bem próximos do palácio presidencial nesta quarta-- a Rússia disse que a resolução proposta vai aumentar a violência se aprovada.
"A batalha pela capital, a luta decisiva (está em curso na Síria", disse o chanceler russo, Sergei Lavrov, a repórteres em Moscou. "É um beco sem saída apoiar a oposição. Assad não vai sair por conta própria e os nossos parceiros do Ocidente não sabem o que fazer quanto a isso."
A analista Gala Riani disse que o ataque suicida é "de alguma forma o ataque direto mais bem-sucedido contra o regime que tivemos até agora".
"Acho que os próximos dias serão cruciais em sinalizar para onde o conflito vai", disse Riani, analista para o Oriente Médio da consultoria Control Risks. "Mas acho que vai levar mais um tempo até o regime Assad cair."
(Reportagem adicional de Peter Apps)